segunda-feira, novembro 30, 2009

Aprendendo com as cegonhas

Hoje, ao ver um documentário sobre cegonhas, pensei mais uma vez na tendência que todos vamos tendo para o facilitismo.
Dizia-se no referido documentário que as cegonhas, que habitualmente nidificavam em África, preferem agora Madrid. De 200 casais a capital espanhola passou a ter 1.200 e porquê? Porque em África o alimento é muito difícil de encontrar sendo necessário voar muito para arranjá-lo. Já em Madrid é fácil para aquelas simpáticas aves encontrarem o que comer nas muitas lixeiras existentes.
Estará tudo bem? Será que as cegonhas encontraram a melhor solução?
Claro que não. Em África o alimento pode ser escasso mas também o é a poluição. Em Madrid o alimento pode ser abundante mas também a poluição o é. Resultado; muitos dos ovos que as fêmeas põem (por causa dos metais pesados que ingerem) são inférteis e os ovos que conseguem ser fertilizados dão à luz aves pejadas de metais pesados significando que, mais cedo ou mais tarde, a espécie estará em perigo de extinção.
Pensei na dificuldade que, cada vez mais, os jovens têm para decorar, nem que seja um pequeno texto. Isso explica-se porque, cada vez mais, eles sabem que as informações de que precisam estão a um simples teclar no computador ou no telemóvel com internet incorporada.
Parece que, por aí, nenhum mal vem a mundo só que, se pensarmos melhor, ouviremos o que dizem os entendidos. Eles garantem que o cérebro necessita de ser exercitado e que se o não fore se tornará preguiçoso com nefastos resultados para a nossa saúde geral.
Por exemplo; já viram como, hoje em dia, nas igrejas é difícil convencer os mais novos a decorar textos bíblicos? Já repararam como eles têm dificuldade em saber, de cor, onde se encontram passagens fundamentais para o evangelismo e até alguns livros? (experimentem pedir que leiam algum livro profético menor)
Tudo isto porque possuem a Bíblia online e é tão fácil, com um simples teclar, obter a informação que se pretende. Eu próprio, confesso, estou a cair nesse erro...
O problema é quando estamos a falar com alguém sobre o evangelho e não temos, por perto, essas tecnologias. E o prejuízo para a memorização?
Não somos, é claro, contra as tecnologias. O problema é quando elas nos passam a dominar.
Penso que todos faríamos bem lembrar que nem sempre o mais fácil é o mais desejável. Aprendamos com as cegonhas.

2 comentários:

JPCMOREIRA disse...

Não creio que o problema esteja na capacidade de memorização, mas sim na informação seleccionada para ser memorizada. As novas tecnologias trouxeram-nos acesso imediato a um sem fim de informações, levando assim a um maior dispersar da nossa atenção. Há um sem fim de actividades mais "aliciantes" para os jovens que decorar textos biblicos. Jogos, filmes, séries, salas de conversação, toda a informação de clubes de futebol, famosos. Os jovens têm muita informação armazenada e acho até que a capacidade de memorização tem aumentado. Têm é descido os critérios de selecção de informação útil... Consequências de uma sociedade de consumismo.

José Carlos disse...

Subscrevo quase tudo o que dizes, Pedro, mas infelizmente tenho de manter a "desmemorização colectiva". E não se pense que é só em relação aos textos bíblicos; passa-se o mesmo com alguns conhecimentos em relação à escola e à cultura geral.