terça-feira, dezembro 22, 2009

Na cadeia

Fui, como acontece todos os anos, mais uma vez cooperar na festa de Natal das cadeias. Numa delas, um rapaz de etnia cigana veio pedir-me que o deixasse falar ao microfone. Perguntei-lhe para quê e ele disse-me que queria pedir ao director e ao chefe da guarda para o deixar ir a casa no Natal. Disse-me ainda que estava castigado porque, há seis meses, tinha fugido da cadeia voltando a ser apanhado mas que, desde então, se tinha comportado muito bem.
Embora não goste de o fazer, permiti-lhe que usasse o microfone e ele, com dificuldade porque é gago, lá foi lembrando a sua transgressão renovando o seu pedido de desculpas e garantindo que tal não voltaria a acontecer. Fez então, com voz triste, o seu apelo.
Continuei a conduzir a festa reparando que o rapaz, entretanto, se sentou ao lado do director. No fim, quando me estava a despedir, passei por ele que com lágrimas nos olhos me disse: "Estou triste, o director disse que não é possível". Embora com pena dele lembrei-lhe: "Meu amigo as transgressões trazem sempre consequências; pelo menos aprendeste esta lição".
No final o director do estabelecimento prisional falou comigo sobre o assunto garantindo-me que era com muita mágoa que tinha de dizer não mas, disse ele: "É preciso mostrar que o erro traz sempre consequências desagradáveis".
Pois é, isto é também verdade no domínio espiritual. A Bíblia diz que "aquilo que semearmos será o que colheremos".
Deus perdoa sempre mas o pecado nunca perdoa.

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