terça-feira, janeiro 05, 2010

Fazer o bem cansa?

E lá andava ele, já bêbado apesar de ainda não ser meio-dia. Não há muito tempo a minha filha mais velha e o meu genro encontraram-no caído, completamente alcoolizado, incapaz de se segurar nas pernas. Como o incidente teve lugar perto de minha casa chamaram-me porque queriam saber se eu conhecia o indivíduo e sabia onde ele morava. Apesar de já o ter visto, naquele estado, várias vezes não sabia de onde era. Estava a chover e a nossa preocupação com o homem caído aumentava. Enquanto o nosso almoço esperava em minha casa chamamos o 112 e, mal o tínhamos feito, um vizinho do homem passou e reconheceu-o. Foi chamar um irmão do homem caído que apareceu rapidamente. Com fraca cara, e sem saudar os presentes (e muito menos agradecer) levantou-o e dispôs-se a levá-lo. Informamo-lo que tínhamos chamado a ambulância ao que ele, mal-humorado, respondeu: "O que o meu irmão precisa é de dormir" e, juntamente com o tal vizinho, lá arrastaram o homem rua acima.
Nem uma palavra de agradecimento (apesar de não necessitarmos disso) nem uma desculpa.
Entretanto o 112 chegou e lá tivemos nós (que continuávamos à chuva) de pedir desculpas e dar uma explicação.

O Apóstolo Paulo pede-nos, no Novo Testamento, para não nos cansarmos de fazer o bem mas, a verdade, é que fazer o bem a certas pessoas cansa... Hoje apeteceu-me ir ter com ele e dizer-lhe: “Já está bonito; agora atire-se para o chão e incomode uma família inteira”. Resisti, entretanto, à tentação por três motivos: Ele já estava embriagado e não ia perceber nada do que eu dissesse; eu não sei se a minha indisposição é contra ele ou contra o seu familiar; Jesus, certamente, teria ajudado de forma incondicional.

1 comentário:

Lídia disse...

beijinho:)