terça-feira, março 21, 2006

Que lição...

Assisti hoje a uma cena que dificilmente vou esquecer. Estava na estação de metro da Trindade e, entre os vários utentes, estava um casal com uma menina de dois/três anos, num carinho de bebé.
De repente chegou um rapaz, dos seus 30 anos, com paralisia cerebral, numa cadeira de rodas que ele comandava com o queixo.
Notou-se que os adultos ficaram naquela situação em que não se sabe o que fazer. (Olhamos, não olhamos, oferecemos ajuda ou é melhor fingir que está tudo dentro da normalidade?)
A pequerrucha olhou para o tal rapaz e disse "olá". Ele olhou para ela e, com as dificuldades de voz, normais, respondeu; "olá", e tentou saber como a criança se chamava.
Em questão de segundos parecia que os dois já se conheciam há muito tempo, de tal forma que quando o rapaz saiu, na estação de Francos, a miudinha fartou-se de lhe dizer adeus, parecendo ter ficado com saudades...
Fiquei a pensar. Como foi possível aquela facilidade de comunicação? Então compreendí.
A criança olhou para o rapaz e viu-o num mesmo patamar que ela. Ela estava num carrinho e ele também. Logo, ele era como ela.
Será que as nossas dificuldades de comunicação com os outros têm origem no facto de, sem nos apercebermos, estarmos a tentar comunicar como que estando num patamar superior?

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